Dia dos Avós na Misericórdia de Chaves
Promover o diálogo entre gerações através do testemunho dos netos
O Dia dos Avós assinalado na Santa Casa da Misericórdia de Chaves reuniu duas gerações de utentes em torno da música e da partilha de afetos e serviu para refletir sobre a relação entre avós e netos. A ação teve como objetivo homenagear todos os avós que residem na instituição e enaltecer o seu valor no seio das famílias.
Com 93 anos a avó Maria de Fátima Rodrigues já perdeu a conta aos netos e bisnetos que tem, mas com o auxílio do neto Hugo Branco contou-nos, que são 14 netos, rodeada por dois dos 20 bisnetos, filhos de Hugo.
Hugo Branco viveu com a avó desde os 12 até aos 24 anos, hoje com 36 e apesar de estar a maior parte do ano fora de Portugal faz questão de fomentar a proximidade entre a família.
Uma ligação que considera “fundamental”. “A aproximação com a família tem de estar sempre presente. Foi assim que fui educado e quero transmitir isso aos meus filhos”, reforçou.
O exemplo também foi dado por Óscar Teixeira que juntamente com a filha foi ao encontro da mãe. Quase a completar 92 anos de vida, Celeste de Jesus Morais mostrou-se igualmente feliz com a presença da família. Conta que trabalhou muito para ajudar o marido, “andei muitas vezes com a sachola na mão”.
“Sempre presente, carinhosa e cuidadora”, as palavras são da neta Liliana Morais, uma de entre os 15 netos que a utente do Lar Nossa Senhora da Misericórdia – Casas dos Montes tem, para quem a avó sempre foi uma exímia cozinheira, “é das comidas que ela me fazia que eu tenho tantas memórias boas”. “Quando ela faltar vai ser muito triste, porque sempre foi a animação da família”, salientou.
Já Maria Miguel, de 18 anos, acompanhou a avó na distribuição de rebuçados pelas crianças do pré-escolar da Santa Casa da Misericórdia de Chaves. A avó Rosa Costa fez questão de oferecer “uns docinhos” às crianças e Maria Miguel vê nela “um exemplo”. “A minha avó sempre foi muito trabalhadora e sempre pôs os outros à frente dela, sempre cuidou de nós”.
Promoção de valores e salvaguarda de memórias
Fomentar o contato e a proximidade entre as duas gerações faz parte dos objetivos da atividade promovida pela equipa de animação sociocultural. “Juntar crianças do pré-escolar com os idosos da Estrutura Residencial para Pessoas Idosas (ERPI), para nós é sempre muito importante, pois permite a transmissão de experiências, valores e memórias dos mais velhos para as gerações futuras”, sublinhou Carla Simão.
“Neste dia de forma mais especial, reconhecemos e valorizamos a importância dos avós, demonstrando o nosso carinho e gratidão”, acrescentou Dinis Martins.
Ao longo do dia, a música foi uma constante. A Canção dos Avós contou com a participação do filho do animador Dinis Martins. Zé Pedro Martins aproveitou as férias escolares e levou o Bombardino, um instrumento de sopro ao qual dedica muito do seu tempo, para abrilhantar a dinâmica promovida na Santa Casa da Misericórdia de Chaves que também distribuiu gelados e sumos pelas duas gerações de utentes.
O Dia Mundial dos Avós e Idosos foi instituído pelo Papa Francisco. É assinalado a 26 de julho, na Igreja Católica, e pretende promover o encontro entre avós e netos.
Este ano, sob o tema “Na velhice não me abandones”, o Santo Padre enviou uma mensagem aos avós e netos de Portugal, que alerta para a “solidão” e o descarte” em que vivem muitos idosos.
Sandra Gonçalves